segunda-feira, 10 de junho de 2013

1964.


1964, revolução ou golpe? 49 anos depois existem partidários de ambos os conceitos.
Morava na casa de meu avô materno, integralista de coração e sobrinha neta de um comunista convicto.
Ainda criança, as notícias de prisões e torturas chegavam a mim primeiro por reações de tristeza, preocupações e lágrimas que escorriam pelos olhos dos meus avós, tias e minha mãe, depois alguém me contava que um parente se encontrava preso.
Devia estar com uns 4 ou 5 anos, quando meu avô ficou preso alguns meses em um quartel perto da Faculdade de Direito do Recife, uma tia minha tentou vê-lo sem sucesso. E vovô era funcionário da Agência Nacional, anos depois quando morreu ainda no governo militar, presentearam uma rua do Pina, com o nome Jornalista João Uchôa (nem sei se ainda tem este nome).
Meu tio-avô foi preso mais de uma dezena de vezes por ser membro do PCB, ele e outros familiares.
Cresci sem gostar de ditaduras, nem de esquerda e nem de direita e de nenhum tipo de ditadura seja ela qual for.
Gosto do debate, da expressão, gosto de defender os direitos que estão garantidos na Constituição Federal do país em que vivo, em especial os que diz respeito aos básicos para  viver com dignidade. Como as pessoas nos enxergam conforme seus conceitos, ora sou tachada de reacionária, ora de subversiva. 
Sigo apenas entendendo que os impostos recolhidos (como tem taxação neste país, além de políticos muito caros), devem ser revertidos em prol da sociedade. Além de entender que governantes são gestores públicos, eleitos pelo povo, que não possuem cargo ad eternum  (democracia) e que não podem ser considerados "donos" de um município, estado ou país.
1964, também é o ano em que Martin Luther King recebe o Prêmio Nobel da Paz, sua luta em prol do direito civis dos negros dos EUA, e é algo que nunca consegui entender como um país de maioria cristã em pleno século XX considerava pessoas inferiores pela cor da pele (Se bem que isso aconteceu em outros países, quem entende o coração humano?).
Estamos em 2013 os regimes políticos mudaram, existe um afrodescendente no governo dos EUA e, continuamos nós, muitos brasileiros, sentindo indignação pela gestão das verbas públicas.


por Flávia Cavalcanti Gonçalves