terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fresta - Fernando Pessoa














Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem 
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado

Revivo, existo, conheço,
E ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.

domingo, 4 de setembro de 2011

O tempo

Mário Quintana
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.
- A impressão que tenho, é que o tempo, depois de uma faixa etária corre mais depressa. Os relógios batem os mesmos segundos, minutos e horas, entretanto a sensação do corpo é diferente. A cada dia estamos mais perto da certeza da vida: a morte! E sempre acreditamos que falta mais a viver! O tempo, ah o tempo...

domingo, 29 de maio de 2011

Rememorando!

Em Recife, lecionei numa sala de alfabetização de adultos como parte de um projeto da UFPE.
A maior parte dos meus alunos morava numa "vila" embaixo de um viaduto. Vindos do interior fugindo da seca, das juras de morte das brigas entre família.
Quando alguns faltavam eu ia visitá-los na comunidade, compartilhava o café aguado adoçado com rapadura, conversava sobre a família, sobre o trabalho. Obrigação minha fazer isso, claro que não!
Mas a autoestima dos alunos quase não existia.
Quando as pessoas deixam de se enxergar como pessoas, o pouco é muito, dever vira favor e qualquer coisa é o que elas acreditam que merecem. Os valores se invertem. Não pode existir uma educação mais ou menos, a educação tem que ser com qualidade, a pública então com qualidade esmerada, mas que um direito é um dever dos governantes e dos trabalhadores na área.
Que eu nunca perca a sensibilidade, que eu nunca pense que sou melhor que as outras pessoas! Posso ter outros gostos, outros saberes, outra história, que eu sempre me reconheça através dos olhos de alguém, uma pessoa, um ser humano, enfim GENTE!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Desafio! Desafios!

Qual teu maior desafio?
Atualmente os desafios que enfrento é acreditar que sou capaz de seguir adiante em cada situação que se apresenta.
Antes tinha mais disposição: na luta, nos sonhos, nos embates.

Versatilidade era uma das minhas qualidades
Como ando cansada....

Um dia quem sabe fico um tempo só nos verdes pastos, ao som de águas tranquilas e ao gorjear da passarada!
O corpo e a mente pede passagem.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Choro

Há meses não chorava, aquele choro, chorado, quase uma enchente. Semelhante quando a previsão do tempo informa: - Amanhã choverá torrencialmente.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Reflexões


Por um tempo me afastei da literatura: prosas, contos, romances...ah as poesias, poesias que me alimentam.
O tempo era curto, trabalhava, trabalhava, trabalhava... lia, lia: apenas livros técnicos.
Literatura, música, dança, teatro, pintura, escultura, como me fazia falta.


Vez ou outra mergulho em outra dimensão.
Nela tento escrever.
Escolher as palavras para descrever o que sinto, o que sou, o que vejo.
Não sou uma profissional da escrita.
A dimensão surge quando as palavras dançam em minha mente, misturadas com as impressões de tudo que já vivi e observei.
A poesia me ajuda a ser mais humana, a enxergar o outro.
Ainda posso fazer escolhas, alguns não podem mais.
Quisera sempre fazer escolhas certas.
Quisera sempre enxergar o outro em suas possibilidades, em suas limitações.
Quisera nunca mais me afastar da arte, da sensibilidade, do que me faz mais humana do que me adoça.
A poesia do pássaro pousando na água.
A poesia do entardecer.
A poesia das brincadeiras dos pequenos no parque.
Da mão que afaga.
Da boca que beija.
Do trabalho e do carinho.
A poesia de quem fala, chora, defende, rir, vive e morre em paz.
Das flores no banco da praça, das flores da praça. da flor que sou eu, dos espinhos que me ensinam, da luz que me sustenta.

por Flávia Cavalcanti Gonçalves

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Convite

Recebi um e-mail, ao lê-lo fiquei emocionada:
"Eu, em nome da turma, gostaria de te convidar para a cerimônia de colação de grau e festa de formatura. Mas ao contrário dos outros convites que fizemos, tenho a felicidade de lhe dizer que o seu não esta aberto a não aceitação, pois, você será nossa professora homenageada, diga-se de passagem, não existiu ninguém mais responsável do que você pela nossa formação... então nada mais justo!!!
Esperamos ansiosos sua confirmação rsrsrs...
Beijos"
Seguia as datas e os horários.
O convite da turma de Licenciados em História me emocionou por vários motivos, um deles é que sou formada em Pedagogia e não em História, portanto lecionei as disciplinas pedagógicas.
Trabalhar em cursos que não são de sua formação inicial é sempre um desafio, é necessário compreender que o curso é de Licenciatura, de formação de professores mas, não é Pedagogia, encontrar textos que atendam a ementa e ao mesmo tempo as necessidades de formação da licenciatura específica nem sempre é fácil!
Meu encontro com o curso de História, como professora ocorreu em outubro de 2006, escrevo como professora porque enquanto estudante de pedagogia fui bolsista da UFPE no Programa de Mestrado em História, trabalhava na biblioteca e convivi com vários professores e estudantes, fazendo algumas amizades.
O meu encontro com o curso de História coincidiu com uma fase de inúmeras mudanças na minha vida e pela depressão, doença difícil e não facilmente diagnosticada.
Esta turma de História de 2010 me acompanhou em várias fases, fiz amigos e amigas e fui professora sempre que possível.
Professora sempre que possível, pois jamais escondi a condição pela qual passava e também não deixei de cumprir minha função enquanto professora na relação que se estabelece no ensino e na aprendizagem e, sobretudo na relação educador-educando, educando-educador.
Acredito que de tudo compartilhei sobre: legislações, teorias psicológicas, teorias de ensino, métodos e técnicas didáticas com leituras, filmes e trabalhos nem sempre agradáveis, compartilhei, sobretudo que estudar nem sempre é fácil mas essencial para o ofício do professor.
Compreender que é necessário estudar e continuar estudando é uma atitude que não é muito fácil, não somos poços de sabedoria e não entendemos tudo, estamos sempre nos aproximando do objeto que estamos estudando, mas nunca o conhecemos em sua totalidade.
Compartilhei também o que acredito sobre o ensino e sobre a educação, que é nossa posição enquanto professores que faz a diferença, a responsabilidade de contribuir para que se cumpra a função social da escola que é ensinar e não brincar de faz de conta, de o professor fingir que se ensina e os alunos fingirem que aprendem.
Que a relação em sala de aula se estabelece com respeito, diálogo, autocrítica, saberes e não com totalitarismo.
Fiquei emocionada...
Passamos pelas pessoas, agradamos e não agradamos, estabelecemos vínculos e algumas vezes ou muitas vezes, dependendo da quantidade de pessoas com as quais temos contato, não sabemos o quanto influenciamos positiva ou negativamente alguém.
Nesta pós-modernidade permeada pelo consumismo, pelas relações ocasionais, pela individualidade, pela virtualidade, aprender a conviver e nos dispor a conhecer um pouco mais o outro está se tornando difícil. Escravos do tempo e do trabalho, deixamos muitas vezes de gastar tempo como pessoas com as pessoas.
A aluna que me enviou o e-mail me convidou para fazer parte da sua banca de monografia, ao término de sua defesa me apresentou a sua mãe com as seguintes palavras: - Professora esta é minha mãe. - Mãe, esta é minha mãe aqui na universidade.
Agradeço a Dani e a todos os alunos e alunas da turma e o que desejo para eles enquanto profissionais do ensino de História é que sejam comprometidos com o ensino, com a educação e principalmente com seus alunos, ensinar sempre será um ato político, e o saber continua sendo poder, quanto menos se tem acesso mais dominadas são as pessoas.
Beijos

sábado, 5 de fevereiro de 2011

As águas


Os rios correm para o mar mesmo quando as águas estão turvas!
Quando as águas da minha vida estão turvas e parece que nada é possível, corro para águas mais limpas e cristalinas que a minha e mergulho até me sentir renovada.
Ao caminhar ao longo do rio da minha terra natal em um entardecer fiquei observando pássaros que pairavam sobre o espelho das águas, a luz do por do sol e o conjunto da paisagem mostrava uma face bucólica e bela de um rio que insiste em viver.
Águas podem ser vida e morte, dualidade presente em muitas histórias vivenciadas nas relações com as águas, com as diversas águas de nossa vida e da nossa sobrevivência.
Como os pássaros no rio... sempre temos possibilidades de (re)novo, mesmo quando as águas estão turvas!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Viagem

2011 em Pernambuco, Nordeste que não visitava, 5 anos de distância!
Visito Pernambuco como alguém da terrinha e, com um olhar semelhante ao de uma turista.
Só guardo boas lembranças, as ruins prefiro esquecer.
Passeio pelas ruas, observando cores e cheiros, formas e sons.
As frutas próprias da região....
Os sabores da terra....
Ontem ganhei um livro, uma coletânea de poetas pernambucos! Uma maravilha... concluo este breve post
com um trecho de "O Rio" de Farias Neves Sobrinho ".... E eu penso em mim, nas ilusões fanadas, sempre desfeitas, sempre renovadas...