terça-feira, 11 de maio de 2010

Homenagem as mulheres da família

Maria Ofélia: por Moema Cavalcanti



Neste post, no mês de Maio, que dizem ser das mulheres, faço por meio de um texto de Moema Cavalcanti, homenagem as mulheres da minha família materna.
Moema, prima de mamãe, e, logo minha prima também, é parte da grande família: dos Cavalcanti, dos Figueiredo, dos Uchôa, dos D'Albuquerque.
Num texto belo, carregado de imagens e sentimentos, Moema descreve sua mãe: mulher forte, espirituosa, e bela em seus quase 93 anos.
Maria Ofélia, tia Ofélia como a chamo, gosta de costuras, bordados, rendas e barras. Moro muito longe, mas sempre que vou à Recife, visitas à casa dela estão incluídas.
No espaço reservado às minhas lembranças queridas, a casa de titia tem um gosto especial: das brincadeiras no jardim e no quintal; dos jambos-do-pará, maravilhosos que pintam a grama de vermelho e branco; de risos e de conversas; de festas; de um festival de cores e, também de conselhos que nós leva a repensar algumas atitudes e não se abater diante de adversidades.
Na minha adolescência sempre quando queria um vestido ou um conjunto diferente, especial, ia à casa de tia Ofélia. Algumas vezes adquiria alguma peça por ela bordada, ou ela confeccionada algo que ela mesmo idealizava ou algo que eu solicitava. Com uma memória melhor que a minha... em uma das visitas que fiz, ela lembrou de um conjunto de blusa e saia, arrematada por uma rosa de tecido. Uma belo conjunto em preto e branco, o qual usei muitas e muitas vezes.
Tenho algumas peças que adquiri e outras que ganhei dela nos últimos anos: saias, vestidos, coletes e blusas.
Aqui peço desculpas a Moema, por não colocar todas as imagens. Como já disse em outro post, estou aprendendo esta linguagem do grupo dos blogueiros.
Um beijo enorme às mulheres da minha família, e para todas as outras mulheres que de alguma forma tenha acesso a este post, feliz mês das mulheres e que o Senhor continue a distruibuir sua Graça e Misericórdia sobre nós!

É a minha mãe!



Maria Ofélia nasceu no Recife no dia 14 de outubro de 1917.
Menina católica, ela se confessava todos os domingos.
- Perguntava: - Que pecado que você cometeu, minha filha?
E todos os domingos, com a ajuda do padre, ia descobrindo ótimos pecados para cometer.



Sempre teve medo de bicho. De sapo e lagartixa então, nem se fala.Um dia viu uma rãzinha no banheiro: - Paulo, pelo amor de Deus, mata aquela rã que está na parede do banheiro.

Papai que tinha lá os seus temores, tentou se safar da tarefa: - Felinha, rã não faz mal a ninguém... Pelo contrário, ela come insetos nojentos, mosca, mosquito, aranhas, muriçocas, baratas...

- Paulo, me dê todos os insetos dessa casa que eu como um por um, mas por favor, MATE AQUELA RÃ!!!




- Mãe, você está usando o aparelho auditivo? - Estou.... - Tem certeza? - Claro que tenho! Por quê você está perguntando? - Porque você não está percebendo que está falando muito baixinho. Eu mal consigo ouvir...

- Então a surda aqui não sou eu não.
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Outro dia minha irmã ligou pra mamãe pra contar que Dr. Fulano de Tal que tinha sido colega do meu pai, havia falecido. - Sabe quem é, Mamãe? Aquele desembargador... - Sei. Morreu, foi? Do quê? - De repente... Estava sentado vendo televisão, teve uma tontura... Mamãe, mais que depressa: - Pode parar de contar que eu não quero aprender não.
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Quinze dias após a morte de papai, ela volta a frequentar a academia de ginástica.
As amigas a esperam no portão. Uma delas, viúva recente. experiente portanto, tenta consolar minha mãe:
- Ofélia eu imagino o quanto deve estar sofrendo com saudade de Dr. Paulo. Fique tranquila, ele está num lugar lindo, cheio de flores, lagos azuis com peixinhos dourados, campinas verdes, onde não há maldade nem violência.
Se Deus quiser, um dia você vai querer estar com ele lá no céu, não vai?
Mamãe, indignada: - Eu??? Tá maluca
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Numa das últimas vezes que estive em Recife, minha mãe insistia em comer um sanduiche de queijo do reino.
Verifiquei que o quejo estava fora do prazo de validade havia uma semana e tentei impedir que ela comesse.
- Mamãe, esse queijo está vencido. Não vai dar para você comer.
- Mas eu gosto tanto!
- Eu sei..... Mas o queijo está vencido, mãe.
- Mas eu quero!
- Mãe o queijo venceu!!!!
- Pois agora é que eu faço questão de comer este queijo!
- Porque mãe?
- Por que ele é um vencedor. Se ele fosse um perdedor eu até abria mão de comer, mas um ven-ce-dor?!?!
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Quando eu estive em Recife em dezembro fui com mamãe à sua aula de hidroginástica. Deixei-a na piscina e fui à fármacia comprar o remédio para regular sua pressão que havia acabado. Voltei, peguei um copo de água e o comprimido e dei a ela.
O amigo dela médico que também faz hidroginástica perguntou: - Ofélia, que rmédio é esse que você está tomando?- Anticoncepcional...Não dá para confiar nesssa piscina....

Bendita és tu entre as mulheres



Eu só não sei fazer teia de aranha e mel de abelhas.





Eu não sou baixinha. Eu sou concentrada!




Benditos são os frutos (e subfrutos) do teu ventre.

....Jesus



Em outubro de 2009 eu, meus filhos meus netos fomos juntos ao Recife para a comemoração do seu 92º aniversário.

Enquanto voávamos, minha mãe sofreu um grave acidente doméstico que a deixou com o rosto desfigurado.

Diante da perspectiva de assustar os bisnetos, Mamãe desengavetou uma velha máscara de carnaval para cobrir o rosto.
Ao chegar em sua casa, nos deparamos com esta figura:



Quatro dias depois do acidente, Ofelia estava lépida e fagueira, no lançamento da nova edição do livro Eça de Queiróz, Agitador no Brasil, de Paulo Cavalcanti.


Motivos de orgulho e paixão.




O JASMINEIRO EM FLOR


O FLAMBOYANT SEXAGENÁRIO QUE ELA MESMA PLANTOU



A CADA SAFRA, SÃO COLHIDAS MAIS DE 600 MANGAS DE UMA ÚNICA MANGUEIRA


OS DOCES CAJÚS




OS JAMBOS-DO-PARÁ




AS ACEROLAS NO PÉ



AMIZADE, CONFIANÇA E RESPEITO HÁ MAIS DE SESSENTA ANOS


Quando Ofélia completou 80 anos, escreveu esta mensagem aosamigos:

A new-octogenária agradece a presença de todos os que vierem comemorar os seus oitenta anos "nunca dantes navegados" e os convida para os próximos anos, já dentro do novo milênio, abrilhantar com mais alegria e descontração e explendor de cada nova idade.

Viva o Brasil que será em breve o país mais povoado de pessoas de terceira e quarta idades!

Nós somos o futuro!

Viva o Futuro do Brasil!
E o nosso também.

Arre!!!

Ofelia

Incansável até hoje



A SUA FESTA DE 90 ANOS, ALGUMAS AMIGAS A HOMENAGEARAM USANDO VESTIDOS BORDADOS E CONFECCIONADOS POR OFÉLIA

A CASA DO CAJUEIRO


NO BAIRRO DO CAJUEIRO, A CASA ONDE OFÉLIA MORA HÁ SESSENTA E TRÊS ANOS. ÚMA SE APÓIA NA OUTRA, SE UMA CAIR, A OUTRA DESMORONA.

Amém

Mainha, tu é foda"!

MOEMA CAVALCANTI
DIA DAS MÃES / 2010


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