terça-feira, 30 de junho de 2020

Canindés

Encontro abrigo nos braços do Pai,
nas madrugadas intermináveis.
Interrompidas pelo tagarelar das Canindés com suas nuances de azuis e seu amarelo e verde que se sobressai.
As Canindés lembra as cores da bandeira.
(Se fôssemos como as canindés cuidaríamos uns dos outros com mais carinho e atenção).
Adormeço com o gorjeio dos bem-te-vis com um Sol já firme em dias claros.
A noite pelo dia.
Tomara que meu paraíso seja uma mescla  da primavera no Pantanal com as águas mornas do mar nordestino.
Onde eu possa repousar sem medo apreciando a natureza.
Para saber: 
Texto sem requinte literário e excessivamente pueril.
Já que todos tem o direito de receber um Corona mortal.
Devanear sobre o passamento vira algo cotidiano.
Que seja então lúdico.


segunda-feira, 29 de junho de 2020

Fotografias

Olhou as fotos com a taça de vinho ao lado.
Viu mortos, estranhos e amados.
Olhou queridos pertos e distantes.
Sorriu e chorou.
Teve saudades do que não viveu.
Secou a face.
Arrumou as vestes.
Bebeu o último gole.
Voltou ao trabalho.

sábado, 27 de junho de 2020

Cacos

Me quebro.
Espatifada no solo,
um vento sopra.
O espírito/alma junta os cacos.
Alguns permanecem lá,
logo depois são pisoteados pela multidão desgovernada
mascaradas ou não.
Alguns pombos bicam os caquinhos, em seus cérebros e estômagos famintos imaginam fragmentos brilhosos/opacos de comida.
Ao me (re)construir,
estou capenga, esburacada, deformada.
Parte de mim virou poeira, foi parar no fundo do esgoto, virou excremento de bicho.
Sou eu e não sou eu.
Virei outra, mas sou eu.
Estou me (re)descobrindo.